terça-feira, 31 de agosto de 2021

Pronomes 1 e 2 - emprego, formas de tratamento e colocação

 O que é PRONOME?

Os "Pronomes" constituem uma categoria de palavras tão importante quanto a dos substantivos. Eles podem servir como uma espécie de curinga, sendo usados para substituir um substantivo. Pode ainda se referir a um substantivo, ou acompanhá-lo qualificando-o de alguma maneira. Variáveis em gênero e número, os pronomes concordam com o substantivo ao qual substituem, se referem ou qualificam. 


3  FUNÇÃO: O pronome tem duas funções fundamentais:

Substituir o nome Nesse caso, classifica-se como pronome substantivo e constitui o núcleo de um grupo nominal. Ex.: Quando cheguei, ela se calou. (ela é o núcleo do sujeito da segunda oração e se trata de um pronome substantivo porque está substituindo um nome)


4  Pronomes Pessoais

São aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas do discurso:

1ª pessoa - a pessoa que fala - EU/NÓS

2ª pessoa - a pessoa com que se fala - TU/VÓS

3ª pessoa - a pessoa de quem se fala - ELE/ELA/ELES/ELAS Pronomes pessoais retos : são os que têm por função principal representar o sujeito ou predicativo. 


5  Pronomes oblíquos - funcionam como complemento ou adjunto

Associação de pronomes a verbos: Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando associados a verbos terminados em -r, -s, -z, assumem as formas lo, la, los, las, caindo as consoantes.

Ex.: Carlos quer convencer seu amigo a fazer uma viagem.        Carlos quer convencê-lo a fazer uma viagem.

Quando associados a verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -ão, -õe), assumem as formas no, na, nos, nas. Ex.: Fizeram um relatório.        Fizeram-no.


6  Os pronomes oblíquos podem ser reflexivos e quando isso ocorre se referem ao sujeito da oração. Ex.: Maria olhou-se no espelho Eu não consegui controlar-me diante do público.

Antes do infinitivo precedido de preposição, o pronome usado deverá ser o reto, pois será sujeito do verbo no infinitivo Ex.:O professor trouxe o livro para mim.(pronome oblíquo, pois é um complemento) O professor trouxer o livro para eu ler.(pronome reto, pois é sujeito)


7  Pronomes de tratamento

São aqueles que substituem a terceira pessoa gramatical. Alguns são usados em tratamento cerimonioso e oficial e outros em situações de intimidade. Conheça alguns:

você (v.) : tratamento familiar 

senhor (Sr.), senhora (Srª.) : tratamento de respeito 

senhorita (Srta.) : moças solteiras 

Vossa Senhoria (V.Sª.) : para funcionários graduados e na linguagem comercial

Vossa Magnificência (V.Mag.ª): para reitores de universidades

Vossa Excelência (V.Exª.) : para altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Reverendíssima (V. Revmª.) : para sacerdotes 

Vossa Eminência (V.Emª.) : para cardeais 

Vossa Santidade (V.S.) : para o Papa e o Dalai Lama

Vossa Majestade (V.M.) : para reis e rainhas 

Vossa Majestade Imperial (V.M.I.) : para imperadores 

Vossa Alteza (V.A.) : para príncipes e duques


8  1- Os pronomes e os verbos ligados aos pronomes de tratamento devem estar na 3ª pessoa.

Ex.: Vossa Excelência já terminou a audiência? (nesse fragmento se está dirigindo a pergunta à autoridade)

2- Quando apenas nos referimos a essas pessoas, sem que estejamos nos dirigindo a elas, o pronome "vossa" se transforma no possessivo "sua". Ex.: Sua Excelência já terminou a audiência? (nesse fragmento não se está dirigindo a pergunta à autoridade, mas a uma terceira pessoa do discurso)


9  Pronomes Possessivos

Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída.

São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:

1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);

2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);

3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).

Dele(s), dela(s) não são pronomes possessivos.


10  Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.

O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s), de você, do senhor ou da senhora (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).

Além disso, podem indicar afeto, respeito ou ofensa.

Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor.


11  Pronomes Demonstrativos

Demonstrativos são pronomes que demonstram, ou seja, evidenciam o lugar onde um ser se encontra no espaço, no tempo ou no próprio texto, em relação às pessoas do discurso. Podem ser variáveis (flexionadas em gênero e número) ou invariáveis. Vejamos o quadro:


12   Primeira pessoa: Este, estes, esta, estas, isto.

Segunda pessoa: Esse, esses, essa, essas, isso. 

Terceira pessoas: Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo.


13  Pronomes Indefinidos

Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou quantidade indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.


14  São pronomes indefinidos de:

pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem, fulano, sicrano, beltrano;

lugares: onde, algures, alhures, nenhures;

pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), bastante (s), cada.


15  Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:

algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema), e na linguagem popular e até por escritores de renome, pode significar dinheiro (Você tem algum para emprestar?);

cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral, na ausência deles, usa-se cada um ou cada qual (Elas receberam 3 balas cada uma);

alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser adjetivos. (Certas pessoas não podem ser eleitas / Precisamos eleger as pessoas certas)

bastante pode vir como adjetivo também (= suficiente), se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);

qualquer é sempre pronome de sentido afirmativo, nas frases negativas deve se usar nenhum(a); depois do substantivo, tem valor pejorativo.


16  Pronomes relativos

São aqueles que representam nomes que já foram citados e com os quais estão relacionados. O nome citado denomina-se  ANTECEDENTE do pronome relativo.

Ex.: "A rua onde moro é muito escura à noite." onde: pronome relativo que representa "a rua" a rua : antecedente do pronome "onde"


17  O pronome relativo QUEM sempre possui como antecedente uma pessoa ou coisas personificadas, vem sempre antecedido de preposição e possui o significado de "O QUAL"

Ex.: "Aquela menina de quem lhe falei viajou para Paris." Antecedente: menina Pronome relativo antecedido de preposição: de quem


18  Pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos são indefinidos e usados para formular perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. São eles: que, quem, qual, quais, quanto(s), quantas(s).  • Perguntas diretas são aquelas iniciadas por palavra interrogativa e emprego de ponto de interrogação.  • Perguntas indiretas são aquelas que são iniciadas por verbos próprios para interrogar e terminam com ponto final.  Vejamos: Qual tema você defenderá na sua monografia? (interrogativa direta)  Fale para nós qual o tema da sua monografia. (interrogativa indireta)


19  Os pronomes interrogativos podem ser ainda: substantivos ou adjetivos quando acompanhados de um substantivo:

 Observe: 

1. Quem lavou minhas roupas? = pronome substantivo. 

2. Quantos meses faz que você não lava sua roupa? = pronome adjetivo.  Na primeira oração o pronome interrogativo substitui um possível substantivo na resposta à pergunta: “Quem lavou?” “Alguém lavou: mãe, pai, serviço de lavanderia, etc”.  Na segunda oração temos o pronome adjetivo “quantos”, pois acompanha o substantivo “meses”.

 Colocação Pronominal
Na utilização prática da língua, a colocação dos pronomes oblíquos é determinada pela eufonia, isto é pela boa sonoridade da frase.
Por isso, em certos casos, podem ocorrer diferenças entre o que a norma gramatical propõe e o que realmente se usa.
Vamos ver, a seguir, as principais orientações para o emprego dos pronomes na língua culta.

4  Colocação pronominal
Os pronomes oblíquos átonos são: me, te, se, nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes.
Na frase, esses pronomes podem, dependendo de certos fatores, aparecer em três diferentes posições em relação ao verbo: antes, no meio ou depois.
Vamos ver, a seguir, as principais orientações para o emprego dos pronomes oblíquos na língua culta.

5  Próclise  Quando o pronome está antes do verbo.
1. Usa-se a próclise quando há palavras que, por eufonia “atraem” o pronome para antes do verbo. São elas:
a) Palavras de sentido negativo (não, nada, nem, nunca, ninguém, jamais...)
Ex.: Nunca me convidam para festas.
b) Advérbios, não seguido de vírgula (hoje, aqui, sempre, talvez, muito, realmente, já, lá etc.)
Ex.: Assim se resolvem os problemas.
c) Conjunções subordinativas (que, quando, embora, se, como, conforme, porque, etc).
Ex.: Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

6  d) Os seguintes pronomes:
* Relativos (que, quem, cujo, onde, qual, quanto, como, quando, etc.)
Ex.: Não encontrei o caminho que me indicaram.
* Indefinidos: (alguém, tudo, ninguém, outros, muitos, todos, poucos, etc.)
Ex.: Tudo se acaba na vida.
* Demonstrativos: (este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, etc.)
Ex.: Isso lhe fez muito bem.

7  2. A próclise é também usada em frases interrogativas iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo, exclamativas iniciadas por palavra exclamativa e optativas (frases que exprimem desejo).
Ex.: Quem te disse que ele não viria? (frase interrogativa)
Quanto me custa dizer a verdade! (frase exclamativa)
Deus te proteja! (frase optativa)
3. Também se usa próclise em frases com a preposição em + verbo no gerúndio e quando o verbo é proparoxítono.
Ex.: Em se tratando de cinema, prefiro comédias.
Nós a encontráramos antes de ele chegar.
4. Em frases com preposição + infinitivo flexionado (isto é, conjugado).
Ex.: A situação levou-os a se posicionarem contra a greve.

8  Casos facultativos de próclise
Pode-se utilizar tanto a próclise quanto a ênclise:
1. Com pronomes pessoais do caso reto, possessivos e de tratamento, substantivos, numerais e conjunções coordenativas, desde que não precedidos de palavra atrativa.
Ex.: Eu lhe obedeço. (próclise)
Eu obedeço-lhe. (ênclise)
b) Com infinitivo não flexionado precedido de preposição ou palavra negativa.
Ex.: Vim para te apoiar. (próclise)
Vim para apoiar-te. (ênclise)
Espero não o encontrar. (próclise)
Espero não encontrá-lo. (ênclise)

9  Mesóclise Quando o pronome está no meio do verbo.
Essa colocação pronominal é obrigatória quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
Ex.: Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.
Observações:
1ª) Se o verbo no futuro vier precedido de alguma palavra que exija a próclise, desfaz-se a mesóclise. Ex.: Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria. Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse.
2ª) Se o verbo no futuro não iniciar a oração, a mesóclise é opcional.
Ex.: Meus amigos me chamarão para o evento.
ou
Meus amigos chamar-me-ão para o evento.
3) Com esses tempos verbais jamais ocorre a ênclise.
4) A mesóclise é uma colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária, não ocorrendo na fala espontânea de nenhum falante, a menos que seja intencional. Geralmente é substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir.
5) Deve ser evitada em textos argumentativos, por conferir um tom cerimonioso ao discurso.

10  Ênclise  Quando o pronome está depois do verbo.
 É a colocação normal do pronome na língua culta.
A ênclise é usada principalmente nos seguintes casos:
1. Quando o verbo inicia a oração.
Ex.: Entregou-me os documentos hoje.
2. Com o verbo no imperativo afirmativo
Ex.: Por favor, diga-nos o que aconteceu.

11  Observações
1ª) Se o verbo que inicia a oração estiver no futuro, usa-se a mesóclise.
Ex.: Entregar-te-ei os livros amanhã.
2ª) De acordo com os padrões da norma culta, não se deve iniciar uma oração por pronome oblíquo, exceto sob licença poética ou quando se pretende reproduzir a fala coloquial.
3ª) Somente os pronomes pessoais retos podem iniciar uma oração. Quando o se não é pronome, mas conjunção, também pode iniciar. 
4ª) Veja no entanto, no texto a seguir, o que o escritor modernista Oswald de Andrade pensava a respeito dessa regra gramatical.

12  Pronominais Oswald de Andrade
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

14  Em relação aos tempos compostos e às locuções verbais
O pronome oblíquo pode vir:
Enclítico em relação ao verbo principal, se este vier no infinitivo ou no gerúndio.
Ex.: Eu quero contar- lhe a verdade.
Proclítico ou enclítico em relação ao verbo auxiliar.
Ex.: Eu lhe quero contar a verdade.
Eu quero-lhe contar a verdade.
Mesoclítico, se o auxiliar estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
Ex.: Ter-lhe-ia contado a verdade, se a soubesse.

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