Independente de sua idade, provavelmente você já interagiu com algum programa de televisão: seja por carta, telegrama, telefone, fax, e-mail, redes sociais, streaming, etc. As emissoras, de algum modo, sempre tiveram um canal direto com os telespectadores, seja para premiar ou faturar.
Hoje, vamos relembrar alguns programas que fizeram história na televisão com a ajuda do espectador, bem antes do Gshow, WhatsApp, Twitter, Facebook e YouTube.
Ligue para o SBT e concorra a prêmios!
Se existe um canal que sempre deu chance de premiar os telespectadores foi o SBT. E a tática que Silvio Santos usava para segurar a audiência era o telefone. E foram inúmeros programas que utilizaram esse artifício, por isso, vamos citar alguns que fizeram sucesso e são lembrados até hoje.
Sessão Premiada – A fórmula era bem simples: quando o filme ia para o intervalo, o telespectador respondia perguntas sobre a atração e, se acertasse, ganhava prêmios em dinheiro. O programa já estava no ar bem antes do SBT existir e fazia sucesso. Foi lá que Gugu Liberato se lançou como apresentador, mas não foi o único: Christina Rocha, Mara Maravilha, Luís Ricardo, entre outros, estiveram na bancada do programa. Em 2004, a atração voltou sob o comando de Celso Portiolli, que usava uma “pirâmide premiada” para brincar com o telespectador. O telespectador deveria ligar para o número de telefone 3153-5656, nos intervalos dos filmes. O próprio Celso Portiolli atende a ligação e pergunta qual o nome do filme que está sendo exibido. Se a pessoa acertar, o apresentador pede para que ela escolha um número de 1 a 10 que consta do painel em forma de pirâmide. Atrás de cada número da pirâmide há valor entre R$ 100 a R$ 5 mil. Se o telespectador errar o nome do filme, a quantia referente ao número escolhido fica acumulada para a próxima ligação. A novidade foi motivada pela ida de Sonia Abrão para a Record.
TV Powww! – Este programa foi o primeiro game interativo da televisão: pelo telefone, o telespectador participava de um jogo que lembrava o videogame Atari. O programa foi um grande sucesso e chegou a congestionar as linhas de telefone. Entre as partidas, a atração exibia séries, desenhos, além de estrear Chaves e Chapolin na programação do SBT.
De Alô Silvio para Alô Christina – Em 1989, para combater o sucesso do Domingão do Faustão, Alô Silvio estreou dentro do Programa Silvio Santos. Era exibido ao longo do domingo e contava com a participação dos telespectadores via telefone, que respondiam perguntas e participavam de jogos, concorrendo a prêmios em dinheiro. O mesmo formato foi usado em 1997: Alô Christina, inspirado no argentino Hola Susana e apresentado por Christina Rocha, premiava os telespectadores que diziam o nome do programa ao atender suas ligações. Com cenários e atrações de gosto duvidoso, suas últimas edições inéditas foram exibidas até janeiro de 1998, sendo reprisadas de fevereiro a março de 1998.
Uma das características mais marcantes era a longa abertura do programa, inspirada na versão argentina. Na qual aparecia a apresentadora chegando de avião, sendo recepcionada por fãs no aeroporte, andando de limousine, chegando em um hotel e depois indo ao estúdio, onde dança e canta a música-tema rodeada de vários bailarinos.
Apesar de a apresentadora se chamar Christina, o programa alterou sua grafia duas vezes, por conta das mudanças que Christina Rocha fez em seu nome na época, devido à numerologia. Pouco tempo após a estreia, a atração passou a ser chamada de Alô Christinah (com um "H" no final). Posteriormente, foi mudado para Alô Crystynah, ficando esse título até o final.
Fantasia: Inspirado pelo programa italiano Non è la Rai, Silvio trouxe para as tardes do SBT um game show comandado por quatro apresentadoras com o auxílio de 50 modelos: Fantasia vive até hoje no imaginário do público. Com um cenário que lembrava uma praia, os telespectadores congestionavam a linha da Telesp (Telecomunicações de São Paulo) para brincar e ganhar alguns reais. Adriana Colin, Débora Rodrigues, Amanda Fraçozo e Tânia Mara foram algumas apresentadoras da atração. Carla Perez também apresentou e, até hoje, é lembrada pelo famoso “i de escola” e “e de isqueiro”. Estreou em 1997 de segunda a sexta às 16h30, em 1998 mudou para os domingos ao meio-dia, em 2000 para os sábados às 14h15, em 2007 às madrugadas e também às tardes.
Porque no final, você decide!
Em 1992, a Globo revolucionou a dramaturgia: pela primeira vez, o público escolhia o final de um programa. Você Decide colocava o Brasil no dilema do sim ou não, a razão ou o coração. A apresentação ficou por conta de nomes como Tony Ramos, Antônio Fagundes, Raul Cortez, Celso Freitas, Luciano Szafir, Renata Ceribelli, Celso Freitas, Susana Werner, entre outros. Em cada episódio eram encenados casos especiais, com um final diferente a ser escolhido pelos telespectadores através de votações via telefone, o desfecho mais votado era mostrado no último bloco. As opções eram sim ou não. Em uma fase, dava três opções de final, mas voltou ao tradicional sim ou não.
Em 11 de março de 1999 o episódio Mulher 2000 teve seu final exibido apenas nas regiões Norte e Nordeste devido ao blecaute no Brasil e Paraguai em 1999 que afetou boa parte do país na hora do programa.
Em seu último ano de exibição, o programa era exibido as quintas-feiras logo após o investigativo Linha Direta, o último programa foi ao ar no dia 17 de agosto de 2000. Na semana seguinte o programa seria definitivamente extinto, em seu lugar passou a ser exibida a minissérie Aquarela do Brasil.
Alguns episódios foram reprisados de 2 a 20 de julho de 2001, no Vale a Pena Ver de Novo, apresentados por Susana Werner, numa tentativa de levantar a audiência do horário, em baixa desde a reprise da novela Tropicaliente, no ano anterior. No entanto, a audiência do Você Decide sempre continua pior do que qualquer outra novela havia registrado até então – alguns episódios quase ficaram em terceiro lugar, atrás do SBT e da Record.
Além disso, a Globo sofria pressões do Ministério Público do Brasil por reprisar, sem cortes, episódios cuja classificação original era 'não recomendado para menores de 14 anos', proibidos no horário da tarde, de classificação livre. Estes programas só podiam ser exibidos depois das 21h.
A rejeição à reprise do Você Decide foi tão grande que motivou a criação de um site, anônimo, que continha um texto se posicionando contra a decisão global e uma enquete em que a permanência das novelas no Vale a Pena Ver de Novo vencia por larga margem. Com o total fracasso do Você Decide, logo na segunda semana de reprise dos episódios, a emissora resolveu reapresentar pela segunda vez a novela A Gata Comeu, exibida originalmente em 1985 e reprisada pela primeira vez em 1989, que rapidamente recuperou a audiência perdida. Com o repeteco de Você Decide, a Globo queria abrir o leque de opções para o Vale a Pena Ver de Novo. Como a audiência da faixa estava em baixa, a emissora queria saber se o público do horário aceitaria outra coisa, além de novela, para assistir. Caso a novidade fosse bem-aceita, a emissora passaria a exibir, também, seriados e minisséries na faixa. Assim, a previsão era manter o Você Decide por um mês, no período das férias. Depois, se funcionasse, o interativo seria substituído pelo repeteco da série Mulher, com Patrícia Pillar e Eva Wilma.
Era um novo método de se fazer Caso Especial e cada programa trazia uma temática diferente: o pai deveria entregar seu filho criminoso à justiça? A pessoa deveria devolver a mala com dólares mesmo estando endividado? Esses eram alguns dos temas do programa. Durante a exibição, um artista colhia a opinião do povo nas ruas, ao vivo. Um fato marcante é que, em um programa que falava sobre assedio sexual, uma mulher acusou um funcionário da Fundação Roberto Marinho de cometer o crime.
Hugo e Garganta e Torcicolo
Em 1995, a CNT/Gazeta trouxe um grande prejuízo aos pais da criançada: Hugo, um simpático duende, fazia a cabeça da molecada. O programa, bem diferente do TV POWWW, transformava as teclas do telefone em joystick, fazendo o duende pular ou se abaixar. O objetivo era salvar a esposa e filhos de Hugo de uma malvada bruxa. A audiência da CNT/Gazeta após a estreia da atração foi para cinco pontos, uma ótima marca para a emissora. O jogo era acumulativo, ou seja, a cada jogada os pontos se acumulavam, premiando os ganhadores com brinquedos, bonés, camisetas, entre outros.
Você se lembra das frases? Aqui no Brasil?
“Não desanima que a vida termina!”
“Não tem chororô, este jogo acabou! Vamos pro comercial”
“Se liga! É a última vida!.”
“Errei a mira, parei na China.”
“Subindo a montanha, sem fazer manha.”
“Não desanima, que a vida termina.”
“Obrigado, caí sentado!.”
“Que dia lindão pra passear de balão?”
A empresa que desenvolvia a tecnologia usada em Hugo (Interactive Television Entertainment) trouxe à MTV outro jogo interativo: Garganta e Torcicolo, um programa que dominou as tardes da MTV em 1997, sob a apresentação de João Gordo. Bem diferente de Hugo, o sarcasmo e o deboche eram o ponto principal do programa. Dois telespectadores, previamente inscritos, pagando 3 reais debitados da conta telefônica, se enfrentavam ao vivo, pelo telefone, atrás dos prêmios oferecidos pelo programa, e poderiam participar pelas teclas do controle remoto. Foi nesta atração que João Gordo se destacou como apresentador, conquistando o carinho da criançada e mostrando que a aposta da MTV no vocalista do Ratos de Porão foi certeira. No mesmo horário, era exibido o Jaspion na Manchete (atual RedeTV!), a novelinha teen Malhação na Globo e o Chaves no SBT.
Ligue e escolha o seu filme preferido
Hoje temos a chance de escolher os filmes e seriados que queremos ver sem sair de casa, no momento e na hora que quiser. Em 1996, não existia a Netflix, mas a Globo fez com que o público escolhesse o filme do dia seguinte: Intercine trazia três opções com um número de telefone 0800 e o resultado era apenas conhecido no último bloco do filme em exibição. Essa sessão de cinema foi criada para combater o Jô Soares Onze e Meia, na época no SBT, e deu resultado: foi um sucesso que virou mania entre os cinéfilos de plantão. De três opções filmes, a partir de 1998 a sessão passou a ter apenas duas. O telespectador tinha meia hora para fazer sua escolha. As opções de filmes eram apresentadas no primeiro intervalo comercial. Em 2004, estreou uma versão especial dedicada a filmes brasileiros com a mesma regra da sessão convencional: o Intercine Brasil, que foi substituído pela Sessão Brasil em 2007, com o mesmo formato, mas sem a opção interativa.
O filme de estreia foi O Último dos Moicanos, na primeira votação foi Instinto Selvagem.
Até 1998, ia ao ar após a faixa de shows da emissora, mas, com o fim de Campeões de Bilheteria, passou a ir ao ar após o Jornal da Globo (no mesmo ano, ganhou uma sessão extra: Intercine 2).
De 2000 a 2010, ficou fixa após o Programa do Jô, ou, em janeiro: período de férias do apresentador, após séries norte-americanas, como 24 Horas, Lost e Prison Break. Em 2011, seu horário foi ocupado por séries de terça a quinta, pelo esportivo Corujão do Esporte às sextas e pela Sessão Brasil às segundas.
Nos primórdios da Rede TV!, duas sessões de cinema interativo faziam parte da programação da nova emissora: O Cine Total e o TV Escolha, apresentados pelo crítico Rubens Ewald Filho. No Cine Total, Rubens trazia a sinopse de dois filmes e o público escolhia qual gostaria de assistir. Já o TV Escolha era uma sessão tripla de cinema aos domingos e o espectador também decidia qual seria exibido. O Cine Total voltou em 2012 para concorrer com o Globo Repórter e a Tela de Sucessos, como substituto da reprise semanal do Pânico na TV, mas sem a opção interativa. A partir de maio, com a estreia do Sexo a 3, foi transferido para o domingo, herdando o horário da Sessão Especial, que voltou em outubro com o fim do programa Hebe às terças, e saiu do ar novamente em fevereiro de 2013 para dar lugar ao Luciana by Night.
Rubens também apresentou programas nos canais por assinatura TNT e Telecine Cult, e Fernanda Lima apresentou também os programas Amor & Sexo e Superstar na Globo, além da primeira temporada do Popstar.
Hoje, cada vez mais a interação é essencial na televisão. A segunda tela mostra a força da interatividade e como isso ajuda as emissoras a entenderem o que o público pensa e deseja.
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