segunda-feira, 27 de abril de 2020

Ortografia / Emprego do Hífen / Acentuação Gráfica / Uso dos Porquês - Resumo de Gramática

A grafia de uma palavra pode ter caráter fonético, que leva em conta a pronúncia; ou etimológico, que leva em conta a sua origem.
Hoje, no Brasil, utilizam-se os dois processos juntamente: o fonético ou de pronúncia e o etimológico ou histórico. Trata-se de um sistema misto.
Curiosidade: O sistema fonético (ou sônico) consiste na exata e fiel figuração dos sons, escrevendo as palavras tal qual se pronunciam, excluindo da representação gráfica qualquer letra que não tenha valor prosódico e acrescentando outras para que se represente a exata pronúncia: escrito, Cristo, pronto, omem, oje, ressonar, pressentir, filarmônico, inalar.
O sistema etimológico representa as palavras de acordo com a grafia de origem, reproduzindo todas as letras do étimo, embora não sejam pronunciadas: phthisica, sancto, mactar, auctor, poncto, catechismo, exgotto, practicar.
Nossa ortografia é orientada pelo Formulário Ortográfico, aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, simplificado pela Lei n. 5.765, de 18 de dezembro de 1971, e atualizado pelo Decreto n. 6.583, de 29 de setembro de 2008.
Ortografia vem do grego “orthós” = direito + “gráphein” = escrever. Os sons da fala são representados por sinais gráficos, chamados letras, e além delas usamos outros sinais, chamados auxiliares.
São eles:
a) Hífen (-) — usado para ligar elementos de palavras compostas, para ligar pronomes enclíticos ou mesoclíticos aos verbos e para indicar a translineação textual (divisão silábica em final de linha): super-homem, ajudou-me, questiona-mento.
b) Til (~) — usado para marcar a nasalização de um som vocálico: irmã.
c) Cedilha (ç) — coloca-se sob o c, antes das vogais a, o e u: açaí, castiço, açúcar.
d) Apóstrofo (’) — marca a supressão de um som: copo d’água, minh’alma.
e) Acentos gráficos:
■ agudo (´) — representa um som aberto: sofá.
■ circunflexo (^) — representa um som fechado: você.
■ grave (`) — representa a fusão de vogais idênticas (crase): àquele.
Curiosidade: Esses sinais são também chamados de notações léxicas ou diacríticos, simplificando, sinais gráficos. Algumas regras existem para escrever esta ou aquela palavra, porém os problemas gráficos só se resolvem com leitura. Se você é um leitor eficiente, escreverá bem, pois terá a lembrança daquilo que leu.
Vejamos a seguir algumas dificuldades ortográficas.
■ 2.1. DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS
■ 2.1.1. Uso do “S”
a) depois de ditongos: coisa, faisão, mausoléu, maisena, lousa.
b) em nomes próprios com som de /z/: Neusa, Brasil, Sousa, Teresa.
c) no sufixo -oso (cheio de): cheiroso, manhoso, dengoso, gasosa.
d) nos derivados do verbo querer: quis, quisesse.
e) nos derivados do verbo pôr: pus, pusesse.
f) no sufixo -ense, formador de adjetivo pátrio: canadense, paranaense, palmeirense.
g) no sufixo -isa, indicando profissão ou ocupação feminina: papisa, profetisa, poetisa. Juíza se escreve com z, por ser feminino de juiz
h) nos sufixos -ês/-esa, indicando origem, nacionalidade ou posição social: calabrês, milanês, português, norueguês, japonês, marquês, camponês, calabresa, milanesa, portuguesa, norueguesa, japonesa, marquesa, camponesa.
i) nas palavras derivadas de outras que possuam S no radical: casa = casinha, casebre, casarão, casario; atrás = atrasado, atraso; paralisia = paralisante, paralisar, paralisação; análise = analisar, analisado.
j) nos derivados de verbos que tragam o encontro consonantal -nd, -pel, -rt, -rg ou -corr: pretender = pretensão (pretensioso); suspender = suspensão (suspensório); expandir = expansão; fundir = fusão; ascender = ascensão (ascensorista, ascendente); compreender = compreensão (compreensível, compreensivo); estender = extensão (extensor, extensivo); ofender = ofensa (ofensor, ofensivo); defender = defesa; repreender = repreensão (repreensível); distender = distensão (distensor); tender = tensão; apreender = apreensão (apreensivo); impelir = impulsão (impulsivo, impulso); repelir = repulsão; expelir = expulsão (expulso); compelir = compulsório; aspergir = aspersão; imergir = imersão (imerso); emergir = emersão (emerso); submergir = submersão (submerso); correr = curso; concorrer = concurso; discorrer = discurso; recorrer = recurso; percorrer = percurso; transcorrer = transcurso; inverter = inversão (inverso); verter = versão; converter = conversão (conversor, conversível); perverter = perversão (perverso); subverter = subversão (subversivo); divertir = diversão.
k) nos derivados de verbos terminados em -nder que se relacionam a substantivos concretos ou abstratos: despender = despesa; prender = represa; empreender = empresa; surpreender = surpresa

Nota: A maioria dos substantivos termina em -sia, como maresia, fantasia, poesia, teimosia, fantasia, hipocrisia. Há alguns que terminam em -zia, como azia, dúzia e primazia. Há algumas formas verbais que terminam em -zia, como fazia, dizia, trazia, benzia, aprazia e jazia.
■ 2.1.2. Uso do “Z”
a) nas palavras derivadas de primitiva com Z: cruz = cruzamento, juiz = ajuizar, deslize = deslizar.
b) nos sufixos -ez/-eza, formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos: altivo = altivez; mesquinho = mesquinhez; macio = maciez; belo = beleza; magro = magreza.
c) no sufixo -izar, formador de verbos: hospital = hospitalizar; canal = canalizar; social = socializar; útil = utilizar; catequese = catequizar.
Curiosidade: Quando usamos apenas -r ou -ar para formar um verbo, aproveitamos o que já existe na palavra primitiva: pesquisa = pesquisar, análise = analisar, deslize = deslizar.
Exceções: catequese = catequizar; síntese = sintetizar; hipnose = hipnotizar; batismo = batizar; ênfase = enfatizar
d) nos verbos terminados em -uzir (seduzir, traduzir, conduzir, reduzirt, produzir, deduzir, induzir, reproduzir, introduzir) e seus derivados: conduzir, conduziu, conduzo; deduzir, deduzo, deduzi; produzir, produzo, produziste.
e) no sufixo -zinho, formador de diminutivo: cãozinho, pezinho, paizinho, mãezinha, pobrezinha.
Curiosidade: Se acrescentarmos apenas -inho, aproveitamos a letra da palavra primitiva: casinha, vasinho, piresinho, lapisinho, juizinho, raizinha.
f) nos numerais de 11 a 19, 200 e 300: onze, doze, treze, catorze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, duzentos, trezentos.
■ 2.1.3. Uso do “H”
a) o H inicial deve ser usado quando a etimologia o justifique: hábil, harpa, hiato, hóspede, húmus, herbívoro, hélice.
b) o H deve ser eliminado do interior das palavras, se elas formarem um composto ou derivado sem hífen: desonesto, desonra, desumano, desarmonia, inábil, reaver, reabilitar, reidratar, exaurir.
c) no final e início de interjeições: ah! oh! ih! eh! hem? hum?
Curiosidades: 
1) Escreve-se com H o topônimo BAHIA, quando se aplica ao Estado, por tradição secular, mas não nos seus derivados, como baiano, baianidade, baianada, baianês, baianismo, coco-da-baía e laranja-da-baía.
2) Até 1943, o H indicava o hiato: sahida (saída). Quando o hiato passou a ser indicado pelo acento agudo, o nome do Estado brasileiro manteve a grafia tradicional, para evitar confusão com o nome do acidente geográfico.
3) Nos compostos ou derivados com hífen, o H permanece: anti-higiênico, pré-história, mini-hotel, super-homem.
■ 2.1.4. Uso do “X”
a) normalmente após ditongo: caixa, peixe, faixa, trouxa, ameixa, baixo, eixo, feixe, frouxo, baixela, rebaixar, paixão.
Exceções: guache, recauchutar.
b) normalmente após a sílaba inicial en-: enxaqueca, enxada, enxoval, enxame, enxugar, enxergar, enxaguar, enxurrada, enxofre, enxuto, enxerido.
Exceções: encher, encharcar, enchumaçar e derivados.
c) depois da sílaba inicial me-: mexer, mexilhão, mexerica, México.
Exceção: mecha.
■ 2.1.5. Uso do “CH”
Não há regras para o emprego do dígrafo CH.
■ 2.1.6. Uso do “SS”
Emprega-se nas seguintes relações:
a) ced — cess: ceder — cessão, conceder — concessão (concessivo, concessionária), suceder - sucessão (sucessor), interceder - intercessão (intercessor), proceder - processo, exceder - excesso (excessivo, excessivamente), aceder - acesso (acessível, acessibilidade), retroceder - retrocesso.
b) gred — gress: agredir — agressão (agressor, agressivo), regredir — regressão (regressivo), transgredir - transgressão (transgressor), progredir - progressão (progressivo, progresso).
c) prim — press: imprimir — impressão (impressionar, impressionante, impressora, impressionista, impressionismo), oprimir — opressão (opressor), reprimir - repressão (repressivo), deprimir - depressão (depressivo), suprimir - supressão (supressor), exprimir - expressão (expressivo, expressividade).
d) tir — ssão: discutir — discussão, repercutir - repercussão, percutir - percussão, permitir — permissão (permissivo), admitir - admissão (admissível, admissional), transmitir - transmissão (transmissor), emitir - emissão (emissora), omitir - omissão, demitir - demissão (demissional).
■ 2.1.7. Uso do “Ç”
a) nas palavras de origem árabe, tupi ou africana: açafrão, açúcar, muçulmano, araçá, Paiçandu, miçanga, caçula.
b) após ditongo: louça, feição, traição.
c) na relação ter — tenção e torcer - torção: abster — abstenção, reter — retenção; conter - contenção; manter - manutenção; deter - detenção; obter - obtenção; ater - atenção; contorcer - contorção; distorcer - distorção.
Atenção! remeter - remessa (remissivo); prometer - promessa (promissória); intrometer - intromissão; comprometer - compromisso (são verbos terminados em meter, os substantivos derivados se escrevem com ss)
d) em palavras derivadas de vocábulos terminados em to, tor e tivo: erudito - erudição; isento - isenção; intento - intenção; exceto - exceção; junto - junção; conjunto - conjunção; redator - redação; eleitor - eleição; condutor - condução; infrator - infração; trator - tração; instrutor - instrução; setor - seção; relativo - relação; intuitivo - intuição; ativo - ação; introspectivo - introspecção; atrativo - atração.
e) em substantivos derivados de verbos que perderam o r: educar - educação; preparar - preparação; combinar - combinação; obrigar - obrigação; abreviar - abreviação; predicar - predicação; significar - significação
f) em verbos derivados de substantivos terminados em ce ou ço: alcance - alcançar; almoço - almoçar; avanço - avançar; esforço - esforçar; endereço - endereçar; esforço - esforçar; lance - lançar; esboço - esboçar;
g) em verbos de ação terminados em ar: anular - anulação; nadar - natação; investigar - investigação; marcar - marcação; exclamar - exclamação; fundar - fundação; atuar - atuação; tentar - tentação; aceitar - aceitação; experimentar - experimentação; revelar - revelação
h) em substantivos derivados de verbos que não se encaixam na regra anterior: resolver - resolução; descrever - descrição; contradizer - contradição; devolver - devolução; exaltar - exaltação; predizer - predição; autorizar - autorização; comover - comoção; compor - composição
i) no verbo fletir (ou flectir) e seus derivados: fletir - flexão; genufletir - genuflexão; refletir - reflexão
■ 2.1.8. Uso do “G”
a) nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio.
b) nas palavras femininas terminadas em -gem: garagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem.
Curiosidade: Pajem, lajem e lambujem são exceções à regra.
c) em palavras derivadas de outras que se escrevem com G: engessar (de gesso), massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), faringite (de faringe), selvageria (de selvagem), estrangeirismo (de estrangeiro), gengivite (de gengiva), regionalismo (de regional), estagiário (de estágio).
■ 2.1.9. Uso do “J”
a) na terminação -aje: ultraje, traje, laje.
b) nas formas verbais terminadas em -jar e seus derivados: arranjar, arranjem; viajar, viajem; despejar, despejem.
c) em palavras de origem tupi: jiboia, pajé, jenipapo.
d) nas palavras derivadas de outras que se escrevem com J: ajeitar (de jeito), laranjeira (de laranja), ultrajante (de ultraje), lojista (de loja).
■ 2.1.10. Uso do “I”
a) no prefixo anti-, que indica oposição: antibiótico, antiaéreo.
b) nos verbos terminados em -air, -oer e -uir e seus derivados: cair — cai, doer — dói, retribuir — retribui.
Excetuam-se os verbos construir, destruir e reconstruir (constrói, destrói e reconstrói).
■ 2.1.11. Uso do “E”
a) nas formas verbais terminadas em -oar e -uar e seus derivados: perdoar — perdoes, perdoe; coar — coes, coe; continuar — continues, continue; efetuar — efetues, efetue.
b) no prefixo -ante, que expressa anterioridade: anteontem, antepasto, antevéspera.
■ 2.1.12. Uso do “SC”
Não há regras para o uso de SC (nascer, crescer, renascer, decrescer), nem para o XC (exceção, excepcional, exceder, excelente, excêntrico, exceto, excesso, excipiente, excitar) e o XS (exsudar, exsolver, exsicar); sua presença é inteiramente etimológica. Essa mesma regra se aplica ao CC e ao CÇ (cocção, cóccix, convicção, confecção, facção, ficção, infecção, fricção, micção, occipital, dissecção, introspecção, defecção, sucção)
■ 2.2. FORMAS GRÁFICAS VARIANTES
Algumas palavras admitem, sem alteração de significado, mais que uma grafia correta. Embora haja uma forma preferida e mais usada, todas as formas são corretas e podem ser usadas sem hesitação.

abaixar ou baixar
abdome ou abdômen
afeminado ou efeminado
ajuntar ou juntar
aluguel ou aluguer
aritmética ou arimética
arrebitar ou rebitar
arremedar ou remedar
assoalho ou soalho
assobiar ou assoviar
assoprar ou soprar
aterrissar ou aterrizar ou aterrar
avoar ou voar
azálea ou azaleia
bêbado ou bêbedo
bebadouro ou bebedouro
bilhão ou bilião
bílis ou bile
biscoito ou biscouto
bravo ou brabo
bujão ou botijão
cãibra ou câimbra
câmera ou câmara*
carroçaria ou carroceria
catorze ou quatorze
catucar ou cutucar
chipanzé ou chimpanzé
clina ou crina
cociente ou quociente
coisa ou cousa
cota ou quota
cotidiano ou quotidiano
contacto ou contato
cotizar ou quotizar
covarde ou cobarde
coercitivo ou coercivo
cuspe ou cuspo
degelar ou desgelar
dependurar ou pendurar
demonstrar ou demostrar
descarrilhar, descarrilar, desencarrilar ou desencarrilhar
diabete ou diabetes
desenxavido ou desenxabido
dourado ou doirado
dezenove ou dezanove
dezessete ou dezassete
dezesseis ou dezasseis
destrinçar ou destrinchar
diferençar ou diferenciar
devaneio ou desvaneio
elucubração ou lucubração
empanturrar ou empaturrar
engambelar ou engabelar
enlambuzar ou lambuzar
embaralhar ou baralhar
espargos ou aspargos
entoação ou entonação
entretenimento ou entretimento
enumerar ou numerar
espuma ou escuma
espumadeira ou escumadeira
estalar ou estralar
exorcizar ou exorcismar
flauta ou frauta
flecha ou frecha
fleuma ou flegma
flocos ou frocos
gengibirra ou jinjibirra
geringonça ou gerigonça
germe ou gérmen
gorila ou gorilha.
hem e hein
hemorróidas ou hemorróides
homilia ou homília
hidrelétrico ou hidroelétrico
hidravião ou hidroavião
impingem ou impigem
imundícia, imundície ou imundice
infarto, enfarte, enfarto ou infarte
intrincado ou intricado
laje ou lajem
lantejoula ou lentejoula
leste ou este
limpar ou alimpar
lisonjear ou lisonjar
louça ou loiça
louro ou loiro
maltrapilho ou maltrapido
maquiagem ou maquilagem
maquiar ou maquilar
marimbondo ou maribondo
melancólico ou merencório
menosprezo ou menospreço
mobiliar, mobilhar ou mobilar
mozarela, muzarela, moçarela ou muçarela (mussarela é forma errônea, embora consagrada nos encartes de supermercados, nos cardápios de restaurantes e pizzarias e embalagens de produtos)
neblina ou nebrina
nenê ou neném
nongentésimo ou noningentésimo
parêntese ou parêntesis
percentagem ou porcentagem
peroba ou perova
pitoresco, pinturesco ou pintoresco
plancha ou prancha
pólen ou polem
presépio ou presepe
protocolar ou protocolizar
quadriênio ou quatriênio
radioatividade ou radiatividade
rastro ou rasto
registro ou registo
relampejar, relampear ou relampaguear
remoinho, redemoinho ou rodamoinho
ridiculizar ou ridicularizar
salobra ou salobre
seção ou secção
seríssimo ou seriíssimo
septuagésimo ou setuagésimo
septingentésimo ou setingentésimo
sexcentésimo ou seiscentésimo
selvageria ou selvajaria
sobressalente ou sobresselente
surripiar ou surrupiar
supervisionar ou supervisar
taberna ou taverna
taramela ou tramela
televisar ou televisionar
terraplenagem ou terraplanagem
terremoto ou terramoto
tataraneto ou tetraneto
tataravô ou tetravô
trecentésimo ou tricentésimo
tesoura ou tesoira
tesouro ou tesoiro
terraplenagem ou terraplanagem
toicinho ou toucinho
transladar ou trasladar
transpassar ou traspassar ou trespassar
transvestir ou travestir
treinar ou trenar
tireoide ou tiroide
tríade ou tríada
trilhão ou trilião
vargem ou varge
várzea ou várgea
vassoura ou bassoura
verruga ou berruga
vespa ou bespa
volibol ou voleibol
Há uma preferência no uso de câmera nos sentidos relacionados a vídeo e fotografia e câmara nos outros sentidos.
■ 2.3. PALAVRAS QUE NÃO ADMITEM FORMA VARIANTE
Tome cuidado com a grafia de certas palavras e expressões que costumam causar dúvida, porém só se escrevem de uma forma:
beneficência
beneficente (não provém de benefício, e sim do substantivo beneficência, o superlativo é beneficentíssimo)
Ocorre uma falsa associação entre palavras como eficiência / eficiente, deficiência / deficiente, proficiência / proficiente, consciência / consciente, ciência / ciente etc.
cabeleireiro (não deriva de cabelo, e sim de cabeleira)
chuchu
de repente (derrepente surgiu por associação com depressa e devagar)
disenteria (o prefixo des indica negação, enquanto dis indica dificuldade)
empecilho (não vem de impedir, e sim do verbo antigo empecer, que significa criar obstáculo)
exceção (não se confunde com excesso, exceção significa o ato de excluir e excesso é o resultado do ato de exceder)
êxito (sucesso final, sem relação com hesitação, que significa incerteza, dúvida e excitação, que significa estímulo)
hesitar (excitar significa estimular, despertar, hesitar significa estar indeciso e exitar, sem respaldo gramatical, significa ter êxito)
jiló
manteigueira
mendigo
meritíssimo (superlativo absoluto sintético dos adjetivos merecedor e meritório, é derivado de mérito, que significa merecimento)
misto (mixto, embora haja uma relação semântica com a rádio Mix, não existe)
mortadela (existe um tipo de salame italiano chamado mortandela)
prazerosamente (vem de prazer, não de prazeir)
privilégio (estabelece-se uma ligação com palavras terminadas com o prefixo pre e funcionam como prefixos, na verdade a palavra vem de privado)
salsicha (salchicha, embora registrada no VOLP, é forma popular)
sobrancelha (vem de sobre e não de sombra)
Curiosidade: Veja em Semântica a lista de alguns homônimos e parônimos notáveis, para não se confundir com a grafia de certas palavras e expressões.
■ 2.4. EMPREGO DO HÍFEN
O uso do hífen é meramente convencional. Algumas regras esclarecem poucos problemas, mas muitos serão resolvidos apenas com a consulta ao dicionário. Ainda assim alguns gramáticos divergem em determinados casos.
Observe o que diz o Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa: “Só se ligam por hífen os elementos das palavras compostas em que se mantém a noção de composição, isto é, os elementos das palavras compostas que mantêm a sua independência fonética, conservando cada um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto perfeita unidade de sentido”.
Exemplos: couve-flor, grão-duque etc.
Veja, em linhas gerais, o uso desse sinal:
a) para ligar as partes de adjetivo composto: verde-claro, azul-marinho, luso-brasileiro.
b) para ligar os pronomes mesoclíticos ou enclíticos: amá-lo-ei, far-me-á, dê-me, compraram-na.
c) para separar as sílabas de uma palavra, inclusive na translineação (mudança de linha): a-ba-ca-xi, se-pa-ra-do.
Não há hífen na próclise, pois a união é maior na ênclise.
■ 2.4.1. Hífen com prefixos e pseudoprefixos
ante-, anti-, circum-, co-, contra-, des-, entre-, extra-, hiper-, in-, infra-, inter-, intra-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, pre-, pro-, proto-, pseudo-, re-, retro-, semi-, tele-, ultra- etc.
Emprega-se o hífen nos seguintes casos:
a) Antes de h: anti-higiênico, circum-hospitalar, contra-harmônico, extra-humano, sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico; arqui-hipérbole, eletro-higrômetro, geo-história, neo-helênico, pan-helenismo, semi-hospitalar.
Curiosidades:
1: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desonesto, desonra, desarmonia, desumidificar, inábil, inumano.
2: Nas formações com os prefixos circum- e pan-, também se emprega o hífen quando o segundo elemento começa por vogal, h, m, n: circum-escolar, circum-hospitalar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano, pan-harmônico, pan-mágico, pan-negritude.
Atenção:
Nos casos em que o prefixo “circum-” anteceder uma sílaba que obriga ao uso do “n” (pois só se usa “m” antes de “b” e “p”), deve-se modificar a grafia do prefixo: circunlunar.
Do mesmo modo, quando o prefixo “pan-” anteceder uma sílaba começada em “b” ou “p”, a regra de que antes de “b” e “p” usa-se “m” obriga a modificar a grafia do prefixo: pambrasileiro, pamprocessual.
b) Nas formações em que o prefixo/pseudoprefixo termina na mesma letra com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno; ad-digital; hiper-requintado; sub-barrocal; sub-base;
Curiosidade: Nas formações com o prefixo co-, pre-, pro-, re-, estes se aglutinam em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por e ou o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, coordenador, coordenação, coordenador, preeminente, preeleito, preenchido, proativo, reedição, reeleição, reenviar.
c) Nas formações com os prefixos além-, aquém-, bem-, ex-, pós-, pré-, pró-, recém-, sem-, sota-/soto-, vice-/vizo-: além-Atlântico, aquém-Pirineus, bem-criado, bem-vindo, ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei, pós graduação, pós-tônico, pré escolar, pré-natal, pró-africano, pró-europeu, recém-eleito, sem-cerimônia, sem-vergonha, sota-piloto, soto-mestre, vice-presidente, vice-reitor.
Exportar / excursão = prefixo ex- (movimento para fora, não significa estado anterior ou cessamento)
Extraordinário = não é prefixo ex, é prefixo extra- (posição exterior)
Curiosidade: Em muitos compostos, o advérbio bem- aparece aglutinado ao segundo elemento: benfazejo, benfeito, benquerença, benfazer, benquerer.
d) Nas formações com o prefixo mal-, emprega-se hífen quando o segundo elemento começa por vogal, h ou l: mal-afortunado, mal-entendido, mal-humorado, mal-informado, mal-limpo.
e) Nas formações com prefixos ab-, ob-, sob-, sub-, ad-, cujo elemento seguinte se inicia por r: ab-rupto, ob-rogar, sob-roda, sub-reitor, ad-renal, ad-referendar.
■ 2.4.2. Hífen com sufixos
Nas formações por sufixação, apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como -açu, -guaçu e -mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim. Em palavras como 'eleitor mirim' ou 'banda mirim' o elemento mirim é adjetivo, e não sufixo, logo, não se emprega o hífen.
■ 2.4.3. Hífen em locuções
Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuntivas, não se emprega, em geral, o hífen.
Sirvam, pois, de exemplo as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar.
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho.
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja.
d) Adverbiais: à parte, à vontade, depois de amanhã, em cima, por isso.
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, debaixo de, enquanto, por baixo de, por cima de, quanto a.
f) Conjuntivas: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
Curiosidade: Algumas exceções já consagradas pelo uso, com significado próprio: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
■ 2.5. ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Os acentos gráficos marcam a sílaba tônica:
■ grave — para indicar crase.
■ agudo — para som aberto: café, cipó.
■ circunflexo — para som fechado: você, complô.
O sinal gráfico modifica o som de qualquer sílaba:
■ til (~) — nasalizador de vogais: romã, maçã, ímã, órfão.
Curiosidade: O til substitui o acento gráfico quando os dois recaem sobre a mesma sílaba: irmã, romãs.
■ 2.5.1. Regras gerais
■ 2.5.1.1. Monossílabas tônicas
Recebem acento as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s):
pá, já, má, lá, trás, más, chás
pé, fé, Sé, mês, três, rés
pó, só, dó, cós, sós, nós
Então:
mar, sol, paz, si, li, vi, nu, cru
me, lhe, mas (conjunção), ti
■ 2.5.1.2. Oxítonas
Recebem acento as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em, -ens:
sofá, maracujá, Paraná, ananás, marajás, atrás
Pelé, café, você, freguês, holandês, viés
complô, cipó, trenó, retrós, compôs, avós
também, ninguém, convém, obtém
parabéns, reféns, vinténs
Então:
pomar, anzol, jornal, maciez
saci, caqui, anu, urubu
■ 2.5.1.3. Paroxítonas
Recebem acento as terminadas em -l, -i(s), -n, -u(s), -r, -x, -t, -ã(s), -ão(s), -um, -uns, -ps e ditongo: fácil, útil, júri, táxi, lápis, tênis, hífen, pólen, elétron, nêutron, jiu-jítsu, vírus, Vênus, revólver, mártir, tórax, látex, superávit, ímã, ímãs, órfã, órfãs, sótão, órgão, órfãos, álbum, médium, fóruns, pódiuns, fórceps, bíceps, água, história, série, pônei, pôneis, tênues.
Curiosidades:
a) Palavras terminadas em -n, no plural:
-ons: com acento — elétrons, nêutrons, prótons.
-ens: sem acento — hifens, polens, liquens.
b) Prefixos paroxítonos terminados em -i ou -r não são acentuados, exceto quando substantivados (o híper: o hipermercado, o míni: o minidicionário): anti, multi, semi, mini, peri, super, hiper, inter, ciber, nuper.
c) É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tônica é aberto naquele caso em Portugal: amámos, louvámos.
■ 2.5.1.4. Proparoxítonas
Todas são acentuadas, sem exceção: lânguido, física, trópico, álibi, hábitat, déficit, lápide.
■ 2.5.2. Regras especiais
■ 2.5.2.1. Ditongos abertos
São acentuados os ditongos abertos éi, éu, ói em palavras monossílabas e oxítonas: méis, coronéis, céu, chapéu, mói, herói.
Então: ideia, tramoia. (paroxítonas, não se acentua)
Dêitico, embora tenha o ditongo fechado, é proparoxítona.
Destróier e Méier (bairro carioca), embora tenham o ditongo, são paroxítonas terminadas em R.
■ 2.5.2.2. I e U tônicos
I e U tônicos recebem acento se cumprirem as seguintes determinações:
a) devem ser precedidos de vogais que não sejam eles próprios nem ditongos;
b) devem estar sozinhos na sílaba (ou com o -s);
c) não devem ser seguidos de -nh.
saída, juízes, saúde, viúva, caíste, saístes, balaústre.
Então: Raul, ruim, ainda, sair, juiz, rainha, xiita, paracuuba, cauila, baiuca.
Luís = com acento; Luiz = sem acento
Curiosidade: Se i ou u tônicos estiverem precedidos de ditongo, mas estiverem em palavra oxítona, o acento permanece: tuiuiú, Piauí.
Também não se acentuam mais o hiato OO no final: voo, enjoo, perdoo, abençoo, entoo, magoo, coroo, povoo. Herôon (espécie de santuário) é acentuada porque é paroxítona terminada em R.

■ 2.5.2.3. Acento diferencial nos verbos ter e vir (e seus derivados)
Recebe acento diferencial a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: eles têm, eles vêm, eles retêm, eles intervêm.
Curiosidade: A 3ª pessoa do singular desses verbos segue a regra geral de acentuação:
ele tem, ele vem (monossílabas tônicas terminadas em “m” – não há regra para se acentuar).
ele retém, ele intervém (oxítonas terminadas em “em” recebem acento gráfico).
Não se acentua o hiato EE nas formas plurais dos verbos CREDELEVÊ (crer, dar, ler e ver): creem, deem, leem e veem, e seus derivados: descreem, releem, reveem.

■ 2.5.2.4. Outros acentos diferenciais
pôr (verbo) — para distinguir de por (preposição).
pôde (verbo poder no passado) — para distinguir de pode (verbo poder no presente).
quê (interjeição, substantivo e no fim de frase) — para distinguir de que (pronome, preposição, conjunção, advérbio ou partícula expletiva).
porquê (substantivo) — para distinguir de porque (conjunção explicativa, causal ou final).
fôrma ou forma (utensílio) — acento facultativo.
Curiosidade: Em Portugal, existem dois outros acentos diferenciais, que não se usa no Brasil: dêmos (presente do subjuntivo) — acento facultativo — para distinguir de demos (pretérito perfeito do indicativo); amámos (pretérito perfeito do indicativo) para diferenciar de amamos (presente do indicativo)
■ 2.5.3. Formas variantes de som aberto ou fechado
Os falantes da língua portuguesa no Brasil pronunciam algumas palavras com timbre fechado, enquanto em Portugal se pronunciam as mesmas palavras com timbre aberto. Vejamos alguns exemplos: acadêmico — académico; Antônio — António; Amazônia — Amazónia; fenômeno — fenómeno etc.
■ 2.6. USO DO PORQUÊ
■ 2.6.1. Por que / por quê
■ 2.6.1.1. Preposição + pronome interrogativo
Em frases interrogativas (diretas ou indiretas):
Por que não veio?
Gostaria de saber por que lutamos.
Ela não veio por quê?
Curiosidade: A palavra que em final de frase, como substantivo ou como interjeição recebe acento circunflexo, por ser um monossílabo tônico terminado em e. Na função de pronome, preposição, conjunção, advérbio ou partícula expletiva, não é acentuada, por ser monossílabo átono:
Você precisa de quê?
Ela sabe o quê!
■ 2.6.1.2. Preposição + pronome relativo
Equivale a pelo qual (e suas variações).
Ela é a mulher por que me apaixonei.
Não conheço as pessoas por que espero.
■ 2.6.2. Porque
conjunção explicativa, causal ou final
Equivale a pois e, eventualmente, a para que.
Eu não fui à escola porque estava doente.
Venha depressa, porque sua presença é indispensável.
Estudou porque passasse no concurso. (raro seu uso, porém correto)
■ 2.6.3. Porquê
substantivo (= causa, motivo, razão)
Vem sempre acompanhado de um artigo ou outro determinante:
Qual o porquê da sua revolta?
Este porquê me convenceu.
Deve haver dois porquês para ele não se atrasar.

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