Neste novo artigo sobre a liturgia da Santa Missa, vamos nos deter na Oração Eucarística, também chamada de Anáfora. É a parte mais importante de toda a celebração. Eis algumas observações:
A Oração Eucarística é precedida por uma Oração sobre as Oferendas e pelo Prefácio com o canto ou recitação do “Santo”. É importante observar que não se pode mudar a letra do “Santo”. Quando ele é cantado deve-se usar uma letra o mais próxima possível daquela que está no Missal. Não é momento para meros cantos de Santo!
Quanto à Oração Eucarística, deve-se ter cuidado na escolha. É sempre preferível utilizar uma das quatro, aprovadas para toda a Igreja. O prefácio da Oração IV não pode ser substituído por um outro. A Oração V é tipicamente brasileira. Aos domingos dever-se-ia utilizar sempre uma das quatro principais. Nas grandes solenidades o ideal é utilizar a Oração Eucarística I, também conhecida como Cânon Romano. Nos domingos comuns recomenda-se a Oração Eucarística II ou a III. As orações eucarísticas “para diversas circunstâncias”, as orações sobre reconciliação e as orações para missa com crianças somente devem ser usadas em circunstâncias especiais, nunca aos domingos nem nas missas ordinárias. O que se faz atualmente – inclusive os venenosos jornaizinhos – é um abuso e um erro.
O celebrante não pode alterar ou subtrair nenhum texto na Oração Eucarística. É absolutamente proibido!
A quem é dirigida toda a Oração? Ao Pai pelo Filho no Espírito. O celebrante deve ter todo o cuidado para não dar a entender que está fazendo a Oração dialogando com o povo! O diálogo é do padre, em nome de toda a Igreja, com Deus-Pai e não com a assembléia! O leigo não deve dizer nenhuma parte da Oração Eucarística que é reservada ao sacerdote, com exceção das respostas que são próprias de cada oração!
Deve ser bem realçado o rito de impor as mãos sobre as ofertas, pedindo ao Pai que derrame sobre elas o Espírito Santo do Senhor Jesus. É na força do Santo Espírito e no pronunciar as santas palavras do Senhor Jesus, cheias do Espírito Santo, que se dá a Consagração.
O padre deve ter o maior cuidado de, na hora da Consagração, não estar narrando a Última Ceia para o povo! É um erro gravíssimo! É não ter compreendido nada da dinâmica da Missa! A narração que o padre faz (“Na noite em que ia ser entregue…”) é ao Pai! É a Igreja toda que, pela voz do celebrante, faz memória ao Pai e diante do Pai de tudo quanto o Senhor Jesus fez pela nossa salvação!
Também é um gravíssimo erro quebrar a hóstia logo na hora da Consagração: “Ele tomou o pão, deu graças e partiu”… Aqui não se parte a hóstia! Isso é um ato teatral da Liturgia. Ela será partida no momento do Cordeiro de Deus! É preciso compreender que a estrutura da Missa segue os quatro gestos de Jesus: ele tomou o pão e o cálice (Preparação das Ofertas), deu graças (Oração Eucarística), partiu o pão (no momento do Cordeiro) e o deu aos seus discípulos (Comunhão). Partir o pão na hora da Consagração ridiculariza a espinha dorsal da celebração numa clara e triste demonstração de desobediência à Igreja e ignorância litúrgica!
Missa é missa, cinema é cinema, teatro é teatro, novela é novela, minissérie é minissérie, música é música e literatura é literatura.
Não misture as bolas!
Redação é redação, gramática é gramática, interpretação de textos é interpretação de textos, redação oficial é redação oficial e figura de linguagem é figura de linguagem.
Não confunda, padre não é padreco!
Outro erro muito comum e muito feio é a mania de ler intenções da Missa durante a Oração Eucarística. Quebra-se totalmente a dinâmica da oração ao Pai… É como meter um monte de avisos e informações para a assembléia bem no meio da Oração, transformando a Missa em um verdadeiro 'Jornal Nacional'! Seria possível dizer neste momento o nome do morto por quem se está celebrando se fosse um ou dois mortos apenas… Mas, no Brasil, são muitas intenções numa Missa só! Então, o momento de dizer as intenções é no início da Missa, antes da entrada do celebrante ou logo após o “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo” ou, ainda e melhor que todas as opções, ao final da Oração dos Fiéis. Pode um leitor ou o próprio padre dizer mais ou menos assim: “Pelas intenções pelas quais é oferecida esta santa Eucaristia…” E aí se colocam as intenções, começando pelos vivos e terminando pelos mortos… Depois, como nas outras preces, diz-se o “Rezemos ao Senhor”… Na Oração Eucarística não se lê mais intenção alguma!
Lembrem-se todos que as respostas dentro das Orações Eucarísticas são facultativas, mas recomenda-se que sejam recitadas ou cantadas, se a missa for solene…
Importante: o “Por Cristo…” é dito somente pelo celebrante. Nenhum padre tem direito ou autoridade para mandar o povo rezar com ele esta Doxologia (glorificação) final!
Ainda um lembrete: Na hora da Consagração todos os que tiverem saúde nos joelhos se ajoelham, inclusive os diáconos! Esta é a norma litúrgica da Igreja e ninguém é lícito fazer diversamente, exceto em caso de doença, lugar estreito ou pouco espaço.
No caso de concelebração, ao erguer o Corpo e o Sangue do Senhor no “Por Cristo…”, o celebrante principal não deve dar aos concelebrantes outras âmbulas que estejam sobre o altar. Nesta situação, ele eleva a patena, com a Hóstia consagrada deitada sobre ela (é absolutamente errado levantar a patena mostrando a Hóstia ao povo. Isso se faz na elevação após a Consagração) e dá o cálice ao diácono ou, na ausência deste, a um dos padres concelebrantes. E pronto; as âmbulas devem ficar sobre o altar, e não serem dadas aos demais concelebrantes!
É muito aconselhável que o “Por Cristo” seja sempre cantado e o povo responda com um “Amém” também cantado!
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