quarta-feira, 29 de abril de 2020

Pronome - Resumo de Gramática

Pronome
Classe de palavras que substitui, retoma ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço, no tempo ou no próprio texto.
Concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere.
Meu pai chegou. — meu: pronome adjetivo, pois acompanha um substantivo.
Ele chegou. — ele: pronome substantivo, pois substitui um substantivo.

Os pronomes pessoais são sempre pronomes substantivos, enquanto os demais podem ser pronomes substantivos ou adjetivos.
■ 3.3.5.1. Pronomes pessoais
Classe de palavras que representa no discurso as três pessoas gramaticais, indicando, por isso, quem fala (falante), com quem se fala (interlocutor) e de quem se fala (referente).
NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
ÁTONO TÔNICO
Singular 1ª pessoa eu me mim, comigo
2ª pessoa tu te ti, contigo
3ª pessoa ele(a) se, o, a, lhe si, consigo preposição + ele(a)
Plural 1ª pessoa nós nos conosco, preposição + nós
2ª pessoa vós vos convosco, preposição + vós
3ª pessoa eles(as) se, os, as, lhes si, consigo, preposição + eles(as)
■ 3.3.5.1.1. Caso reto
São do caso reto os pronomes que nas orações desempenham a função de sujeito, predicativo do sujeito, aposto ou vocativo, esse último com tu e vós.
■ 3.3.5.1.2. Caso oblíquo
São do caso oblíquo os pronomes que nas orações desempenham funções de objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial ou sujeito de verbo no infinitivo (com verbo causativo ou sensitivo) As formas dos pronomes pessoais do caso oblíquo variam de acordo com a tonicidade com que são pronunciados, dividindo-se em átonos e tônicos.
Curiosidade: Os pronomes oblíquos átonos só podem aparecer ao lado do verbo (próclise, mesóclise ou ênclise). São usados sem preposição:
Jamais me abandonará.
Abandonar-me-á?
Abandonou-me.
Os pronomes oblíquos tônicos podem aparecer em qualquer lugar da frase. São sempre usados com preposição:
Para mim estudar Português é fácil.
Estudar Português é fácil para mim.
■ 3.3.5.1.3. Pronomes de tratamento
São usados no trato formal, quando não deve haver intimidade.
Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa.
Curiosidade: O verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: Vossa Senhoria nomeará o substituto.
Vossa Excelência conhece o assunto.
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
Vossa Senhoria nomeará seu substituto.
Vossa Excelência levará consigo o documento.
Quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe
a locução. Assim, nosso interlocutor,
a) se for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”.
b) se for mulher, o correto é “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
■ 3.3.5.1.3.1. Emprego dos pronomes de tratamento
a) Vossa Senhoria (V. Sa.): para funcionários públicos graduados, oficiais até coronel e pessoas de cerimônia. Normalmente se usa em textos escritos, como cartas comerciais, ofícios, requerimentos etc.
b) Vossa Excelência (V. Exa.): para altas autoridades do Governo e oficiais-generais das Forças Armadas
c) Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): para bispos e arcebispos
d) Vossa Eminência (V. Ema.): para cardeais
e) Vossa Alteza (V. A.): para príncipes e duques
f) Vossa Santidade (V. S.): para o Papa e o Dalai Lama
g) Vossa Reverendíssima (V. Revma.): para sacerdotes e religiosos em geral
h) Vossa Paternidade (V. P.): para superiores de ordens religiosas
i) Vossa Magnificência (V. Maga.): para reitores de universidades
j) Vossa Majestade (V. M.): para reis e imperadores
Curiosidade: As formas dadas até agora são usadas para se dirigir à pessoa. 
Quando queremos nos referir a ela, trocamos VOSSA por SUA:
Sua Excelência (S. Exa.)
Sua Senhoria (S. Sa.)

A abreviação de Vossa Excelência é V. Exa e não V. Excia.

São pronomes de tratamento também as formas você, senhor, senhora, senhorita, dom, dona e madame.
■ 3.3.5.2. Pronomes demonstrativos
Classe de palavras que, substituindo ou acompanhando os nomes, indica a posição dos seres e das coisas no espaço, no tempo ou no discurso em relação às pessoas gramaticais.
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
1ª pessoa este(s), esta(s) isto
2ª pessoa esse(s), essa(s) isso
3ª pessoa aquele(s), aquela(s) aquilo
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
a) mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas roupas que eu usei ontem.
b) próprio(s), própria(s): Os próprios meninos fizeram o brinquedo.
c) semelhante(s): Não diga semelhante coisa!
d) tal/tais: Ele não pode viver com tal preocupação.
e) o(s), a(s): quando equivalem a isto, aquilo, aquele(s), aquela(s): São muitos os que faltaram à aula hoje. Eu quero a da direita.

No espaço: este - próximo do emissor / esse - próximo do receptor / aquele - distante de ambos
No tempo: este - tempo presente / esse - tempo passado ou futuro próximo / aquele - tempo muito distante
No texto: este - indica algo que será citado (elemento catafórico) / esse - indica algo que já foi citado (elemento anafórico)
Em uma enumeração: este - retoma o último termo citado / aquele - retoma o primeiro termo citado

Se houver mais de dois elementos a serem retomados, usam-se numerais: o primeiro, o segundo, o terceiro etc.
■ 3.3.5.3. Pronomes relativos
Classe de palavras que estabelece uma relação entre uma palavra antecedente que representa e aquilo que a seu respeito se vai dizer na oração que introduz, ou que estabelece uma relação entre um nome que determina e um antecedente. Retoma um termo citado anteriormente, evitando sua repetição. Introduz oração subordinada adjetiva (restritiva ou explicativa). É um importante elemento de coesão. Sempre concorda com seu antecedente, com exceção de cujo, que concorda com o consequente.
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
o qual, a qual, os quais, as quais
cujo, cuja, cujos, cujas
quanto, quanta, quantos, quantas
que
quem
onde
a) Qual — vem sempre precedido de artigo: o qual, a qual, os quais, as quais. Emprega-se preferencialmente depois de locuções prepositivas, preposições não monossilábicas ou após sem e sob. Também é usado para evitar ambiguidades ou quando o antecedente se encontra distante.
b) Cujo — expressa posse e concorda sempre em gênero e número com o substantivo que o sucede:
Esta senhora, cujo nome desconheço, tem uma reclamação a fazer.
Este é o rio Douro cujas águas banham a cidade do Porto.
c) Quanto — tem por antecedentes os pronomes indefinidos todo(a, os, as) e tanto(a, os, as), embora estes estejam omitidos (subentendidos), principalmente em documentos jurídicos:
Emprestei-te quanto dinheiro tinha (antecedente subentendido: tanto).
d) Quem — refere-se a pessoas ou a seres personificados e, funcionando como complemento, vem sempre precedido de preposição:
Atanagildetina é a mulher a quem eu amo.
e) Onde — refere-se sempre a um lugar real ou virtual:
Esta é a casa onde nasci.

Também são pronomes relativos: como (quando houver as palavras modo, maneira, forma ou jeito como antecedente) e quando (quando o antecedente indicar tempo).
■ 3.3.5.4. Pronomes interrogativos
Classe de palavras que, substituindo ou acompanhando os nomes, é empregada para formular uma pergunta direta ou indireta. São os mesmos pronomes indefinidos, porém serão interrogativos quando aparecerem em perguntas diretas ou indiretas.
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
quanto, quanta, quantos, quantas
qual, quais
que
quem
a) Quanto — pode referir-se a pessoas ou a coisas, indica quantidade, por isso, tem valor quantitativo. Enquanto interrogativo, usa-se em concordância com o substantivo:
Quantos irmãos tens?
Quero saber quantos irmãos você tem.
b) Qual — pode referir-se a pessoas ou a coisas, indica escolha, subentendendo-se a ideia de 'que pessoa ou coisa dentre duas ou mais', tem valor seletivo. Usa-se geralmente como determinante, embora nem sempre junto ao substantivo, e sim separadamente:
Qual foi o filme que viste ontem?
Gostaria de saber qual foi o filme que viste ontem.
c) Que — é determinante quando é equivalente a “que espécie de”, podendo referir-se a pessoas ou a coisas:
Que livro você está lendo?
Quero saber que livro você está lendo.
Mas que mulher é esta?
Gostaria de saber que mulher é esta.
Quando, como, onde, por que, quanto e para que não são pronomes, e sim advérbios interrogativos, pois indicam circunstâncias: quando (tempo), como (modo), onde (lugar), por que (causa), quanto (preço e intensidade) e para que (finalidade).
■ 3.3.5.5. Pronomes indefinidos
Classe de palavras que designa ou determina a 3ª pessoa gramatical (seres ou coisas) de modo vago e impreciso.
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
algum, alguns, alguma, algumas
bastante, bastantes
certo, certos, certa, certas
diverso, diversos, diversa, diversas
muito, muitos, muita, muitas
nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas
outro, outros, outra, outras
pouco, poucos, pouca, poucas
qual, quais
qualquer, quaisquer
tanto, tantos, tanta, tantas
todo, todos, toda, todas
um, uns, uma, umas
vário, vários, vária, várias
algo
alguém
cada
demais
mais
menos
outrem
nada
tudo

As palavras fulano, sicrano e beltrano são substantivos, e não pronomes indefinidos. Algures, alhures e nenhures são advérbios de lugar, e não pronomes indefinidos.

algum - antes do substantivo: valor afirmativo / depois do substantivo: valor negativo (nenhum) / na linguagem popular, e até por escritores de renome, pode significar dinheiro
todo e toda - no singular, sem artigo, significam qualquer / com artigo, significam inteiro / no plural, são sempre usados com artigo, exceto se houver palavra que o exclua ou numeral não seguido de substantivo (de três em diante) / o artigo será de rigor se o numeral substantivo se transformar em numeral adjetivo / não se usa todos os dois, usa-se o numeral ambos
qualquer - é pronome de sentido afirmativo, não deve ser usado em frases negativas. Em seu lugar, deve-se usar 'nenhum' ou 'algum', desde que este venha após o substantivo. Depois do substantivo ou antes do artigo um, tem valor pejorativo ou depreciativo (insignificante)
certo - antes do substantivo: pronome indefinido (algum) / depois do substantivo: adjetivo
cada - sempre acompanha um substantivo, e não o substitui. Ou seja, é pronome adjetivo, e não pronome substantivo, embora seja muito frequente.
algum e nenhum - antes do substantivo, variam em gênero e número. Depois deste, podem variar em gênero, mas não variam nunca em número

■ 3.3.5.6. Pronomes possessivos
Classe de palavras que exprime a posse em relação às três pessoas gramaticais.
singular
1ª pessoa meu, meus, minha, minhas
2ª pessoa teu, teus, tua, tuas
3ª pessoa seu, seus, sua, suas dele, deles, dela, delas
plural 1ª pessoa nosso, nossos, nossa, nossas
2ª pessoa vosso, vossos, vossa, vossas
3ª pessoa seu, seus, sua, suas dele, deles, dela, delas

Há casos em que o possessivo 'seu' (e flexões) pode gerar ambiguidade. Para desfazer a ambiguidade, usam-se as formas 'dele' (e flexões), de você, do senhor ou da senhora.

A ideia de posse, muitas vezes, é representada pelos pronomes oblíquos me, te, nos, vos, lhe e lhes.

É facultativo o uso do artigo diante de pronomes possessivos adjetivos, e obrigatório o uso do artigo diante de pronomes possessivos substantivos.

Em alguns casos, o pronome possessivo não dá ideia de posse, mas de aproximação, afeto, respeito ou ofensa.

A palavra 'seu', que antecede nomes de pessoa ou de profissão, é alteração fonética do pronome de tratamento senhor.

Não se devem usar possessivos diante de partes do corpo, peças de vestuário ou qualidades do espírito, quando se referem ao próprio sujeito. Nesses casos, o uso do artigo já denota posse.

A palavra casa, quando significa lar próprio, dispensa o possessivo. Porém, quando se deseja dar ênfase à expressão, empregar-se-á o possessivo.

Geralmente, os possessivos vêm antes do substantivo. Quando vêm depois dele, podem mudar de significado a expressão de que fazem parte.

Para reforçar o caráter de posse, pode-se usar 'próprio' (e flexões) após o pronome seu, apesar de ser considerado um pleonasmo vicioso.

Variações dos pronomes o, a, os, as:

verbo terminado em r, z ou s e depois da palavra 'eis' e das formas nos e vos - lo, la, los, las
verbo terminado em som nasal - no, na, nos, nas

Pronome reflexivo - indica que a ação reflete no próprio sujeito
Pronome recíproco - indica que a ação é mútua entre os sujeitos

me e te podem ter valor reflexivo
se, si e consigo são exclusivamente reflexivos
nos, vos e se podem ser recíprocos

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